Dalton Vigh é um galã na contramão da grande maioria. Não é visto circulando na noite, não dá pinta no Leblon (bairro que virou point dos paparazzi) e, acreditem, até hoje sente desconforto ao ser abordado por fãs, principalmente, as mais afoitas. "Só vira um incômodo quando tem histeria, quando as pessoas perdem o controle, quando há um frenesi. Às vezes, assusta mesmo", admite o carioca, de 47 anos. Episódios marcantes, porém, comuns, para galãs que fazem sucesso com o público feminino e masculino, ainda pairam na lembrança de Dalton. "Quando gravávamos a minissérie A Casa das Sete Mulheres (2003), em Uruguaiana, uma cidade pequena no Rio Grande do Sul, houve um fato inusitado. Era um elenco grande, com Thiago Lacerda, Giovanna Antonelli, Dado Dolabella... Chegamos de van e foi uma loucura, tivemos que entrar pelos fundos do hotel, porque as pessoas se estapeavam para tentar entrar na van. Me senti Paul McCartney, John Lennon, na fase áurea dos Beatles. Já tive outras situações de ser agarrado, arranhado... Mas esse foi o episódio mais pitoresco", recorda-se.
Mas, como vida de astro não é fácil, é bom Dalton se preparar. O ator deverá arrancar suspiros no papel de Renê Velmont, um chef de cozinha boa-pinta em Fina Estampa. "Não deixo de fazer nada. Vou ao supermercado, à padaria, à farmácia... É claro que, estando no vídeo, o assédio aumenta muito. Acabei de sentir isso agora, com a reprise de O Clone (2001), que foi uma projeção enorme para mim", desabafa o ator.
O chef Renê, atual papel do ator, é casado com a temperamental Tereza Cristina (Christiane Torloni)
Foto: Divulgação - Rede Globo
Apesar de ser rico e muito bem-sucedido com o restaurante, o Renê Velmont parece ser um homem simples...
Ele é! E talvez, por ser assim, é que vai se encantar com a simplicidade e a integridade da Griselda (Lília Cabral), uma mulher completamente diferente da dele, a Tereza Cristina (Christiane Torloni). Renê é um cara bem-humorado, faz piada com os colegas, sacaneia o amigo que vai comer de graça no restaurante... Ele tem uma coisa carioca no jeito de ser. Nasceu no Rio, passou muito tempo da infância na fazenda dos avós e, depois, foi para a França estudar gastronomia. Quando volta, conhece a Tereza Cristina, os dois se apaixonam e ela monta um restaurante para ele.
Como foi a preparação para viver um chef de cozinha? Você gosta de cozinhar?
Jamais gostei de fazer comida e sempre adorei comer. Mas estou achando ótimo, é uma terapia. Cozinhar é um ato de amor, principalmente, quando você faz comida para os outros. Está sendo muito interessante. Primeiro porque é um mundo completamente novo para mim. E segundo porque é uma preparação que eu estou tendo e que sei que não vou usar só na novela. Não é sempre que se tem a chance de ter uma preparação para um trabalho específico e, depois, usufruir dela.
E antes disso você nunca tinha feito nada na cozinha?
Já. Eu morei em república na minha época de faculdade, então, a gente sempre inventava coisas, misturava sobras de comida e fazia um mexidão. Mas ninguém morreu, estão todos vivos até hoje. Isso quer dizer que alguma coisa a gente acaba acertando (risos). Fazíamos panelões com um rango para umas 15 pessoas. Era bem divertido.
Dalton Vigh em três momentos marcantes de sua carreira: na novela Pérola Negra, do SBT, em O Clone, com Giovanna Antonelli, e em Duas Caras
Foto: Divulgação
Como você vê seu retorno às novelas, logo agora que O Clone está sendo reprisada?
É legal, mas muita gente pode fazer comparação, dizendo que gostava mais de mim em O Clone... Para mim, é interessante rever essa novela, porque posso perceber cacoetes, gestuais que a gente pode mudar.
Voltaram a abordá-lo nas ruas por causa da reprise da novela?
Nossa, acabou o meu sossego (risos)! Antes, eu conseguia passar com toda a tranquilidade no aeroporto. Agora é foto em tudo quanto é canto. O Said realmente foi um divisor de águas na minha carreira.
E isso o incomoda?
Você conhece algum ator que goste? Eu não conheço (risos). Não é que seja um saco, mas é o constrangimento de chamar atenção. Dá um pouco de vergonha. Você não pensa: "Eu sou um ator da Rede Globo e agora vou fazer meu checkin no aeroporto". Ali você está normal, é você... A gente não deixa de ser o que era a partir do momento que vai trabalhar na Globo. Eu, pelo menos, não. Só me lembro da minha profissão quando alguém chega para pedir um autógrafo.